Tiago Cruz Projecção vídeo Parceiro: FBAUP
SPLASH Vídeo filmado numa das fontes em frente à Casa de Serralves que regista uma acção simples, mas que pode contribuir para uma reflexão sobre a relação do museu com os seus públicos e sobre o papel de eventos como o Serralves em Festa na redefinição dessa relação. Um jacto de água produzido por uma mangueira de rega faz primeiro aproximar um conjunto de pétalas de flores, para imediatamente a seguir o fazer afastar-se. Segundo o artista, nesta festa "ao mesmo tempo que se dá uma atracção dos públicos o museu afasta-se da ideia de contemplação, talvez o seu propósito original".
"Alles. Ein zu bedeutendes Wort." Tudo uma palavra grande demais Nesta proposta tentei "mudar de lugar" com os visitantes de Serralves em Festa. Sendo Serralves normalmente um lugar de encontro pessoal, que proporciona de certo modo uma experiência individual envolvida numa aparente calma exterior propicia à reflexão; eu proponho devolver durante 52" um estado de calma a Serralves em Festa. Por isso dou ao espectador um texto para ele ler. Com isto pretendo de algum modo propor um silencio aos simultâneos ruídos das pessoas de Serralves. O silêncio da leitura. Silêncio este que vejo ter uma linha muito estreita com o silêncio de um espaço como o que é o museu de Serralves. Este "silêncio da leitura" é um silêncio que não pressupõe ausência, entes pelo contrario, propõe a reflexão individual. A leitura é aqui como um motivo para a representação individual do espectador. - Para elevar ainda mais o grau de representação escolhi um fragmento de um texto ao acaso quase num acto surrealista. O texto é de um livro de Rui Zink "A Espera", e quando fragmentado eleva o seu grau de objecto surreal pedindo mais do espectador para a construção de uma narrativa. Perante o ruído de Serralves em Festa eu proponho um silêncio através de uma leitura. E passo eu a ser o ruído de Serralves. Este ruído por mim produzido é o som de todas as palavras do texto ditas em simultâneo. Eu dou um texto que ao ser lido por "todos" lhes rouba o ruído. Então eu pego na leitura de todos e de algum modo reproduzo-a. Isto pensando que se pudesse amplificar a leitura interior de cada um, num dos momentos ela iria sair com uma forma assim. Esta minha proposta aparece como forma de vídeo, apesar de eu não a ver como tal. É talvez mais um projecto de som do que de imagem. No entanto, tanto o vídeo como o som os media de uma acção. Eu procurei uma acção que anda à volta de um ambiente performativo. Querendo-me afastar de uma ideia de vídeo eu criei um objecto de apenas dois frames, sendo que o segundo frame propõe ao espectador um movimento que é fictício e que apenas se resolve no p´roprio espectador. O vídeo de dois frames é o levar o vídeo à condição de projecção e de algum modo valorizar o meu projecto mais sonoro, que no final é uma acção.
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